No caminho para o trabalho, muito tempo atrás, algo chamou minha atenção. Algo muito pequeno tomava água que corria pela sarjeta. Fiquei muito sensibilizada, pois varias feridas dividiam lugar com as manchas marrons na pelagem branca. Parei o carro e corajosamente tomei uma decisão. Liguei para meu marido, que estava em férias, pedindo que fosse resgatar o filhotinho de no máximo 3 meses. Na verdade o corajoso foi ele.
Voltando para casa descobri que os machucados foram provocados por uma sarna muito contagiosa. Descobri também que era uma fêmea. Demos a ela o nome de Scully, pois eu adorava a série “Arquivos X”. Ela viveu 1 mês dentro de uma gaiola para pássaros, no quartinho dos fundos. Tudo isso, para não contaminar os outros animais. Seguimos todas as recomendações da veterinária, que não cobrou sua mão-de-obra por se tratar de um resgate. Os jornais eram trocados 2 vezes ao dia, 3 vezes ao dia aplicávamos remédios e visitávamos o vet a cada 2 dias, para banhos e injeções. Mas eu devo admitir, eu transgredi... coloquei um ursinho de pelúcia para que a filhotinha tivesse algum tipo de aconchego. Quando eu abria a porta do quartinho, antes dela vir correndo para mim, presenciava os dois bem juntinhos.
Foram 15 anos de companhia e proteção ao nosso bando. Scully nos protegeu de perigos reais, e de perigos que ela considerava reais. Matou 2 cobras-corais, alguns ratos do império do mal e outros audazes gambás (confesso que desses eu tinha pena). Pena também senti do periquito premiado da nossa vizinha. Desse sobrou apenas o bico. Devo mencionar seus latidos e rosnados diferenciados informando-nos que alguém estava próximo ao muro. Latidos muito diferentes daqueles dados para os macaquinhos que atravessavam o mesmo muro.
![]() |
Foto: Salatino |
Então, o inevitável veio. A grande viagem não pode ser adiada. Foi dormir e não mais acordou. Morte justa e honrada. Assim deveria ser a morte de todos os corajosos animais que nos dão tanto amor e lealdade, sem nunca pedir nada em troca. Animais que nos amam independente da nossa riqueza, beleza ou qualquer outra característica. Eles nos amam por nós mesmos.
Scully, obrigada pelo amor e companhia. Desculpe-me por algum erro... SINTO SUA FALTA... Descanse em paz... ops, já ia esquecendo... dá uma lambidona na Tendara por mim e um abração na tartaruga Gervásio, e nem pense em comê-lo novamente.
Por Cintia B. Silva
Por Cintia B. Silva
Ps. Meus agradecimentos ao Centro Cinófilo Salatino, pela competência e carinho dispensado à minha família animal. Agradeço também a Dr. Juliana, que com sua medicina proporciona conforto e dignidade aos animais na terceira idade.
![]() |
Teve ou não, uma boa vida no final? - Foto: Salatino |
10 comentários:
Lindo texto! Infelizmente, sempre chega o dia em que quem nos deu tantas alegrias passa para o outro plano, deixando apenas lembranças. Nem quero pensar como será quando forem os meus. Que a Scully descanse em paz ao lado da irmãzinha Tendara e continue protegendo vocês onde quer que ela esteja. Beijos
Viagem inevitável. Com certeza essa amizade foi recíproca, permeada de cuidados mútuos. Bela e merecida homenagem à Scully. Beijos.
Agradeço muito às manifestações de solidariedade e apoio que recebi por: telefone, email e através de comentários no post.
Apenas as pessoas que possuem grandeza de espirito podem reconhecer a grandeza do espirito de um animal.
Obrigada
Fiquei sabendo hoje pela Mel. Triste, mas tenho certeza que ela está bem e acredito que foi do jeito e na hora que ela escolheu. Quando ouço alguém dizer que cachorro não pensa, lembro das coisas que ela fazia. De qualquer jeito, gostei muito do texto, emocionante e engraçado. Ela merece!
Cintinha, sinto muiiiito.
Fica até difícil saber o que dizer, mas aqui vai uma homenagem a Scully
Melhor amigo!
Por que não me diz as verdades que preciso ouvir?
Apenas late e por muitas vezes não lhe entendo, assim como você parece me entender.
Por que de mim se contenta com migalhas?
Por que ao ouvir minha voz corre aos meus pés?
Quis um amigo assim!
E tive um amigo cachorro, ou melhor uma grande cachorra!
Dessas que nos protege,
que nos acompanham indo à frente,
que balança o rabo ao nos ver,
que me fez sorrir...
que nos deixou saudades sem dizer adeus."
Mel e João, ela era isso mesmo. Muito obrigada. Tamanha sensibilidade só poderia ter vindo de pessoas como vcs, que amam tanto os animais quanto eu.
Minha amiga,
Sinto muito pela perda da Scully, é sempre muito difícil perder uma grande amiga.
Mark Twain disse uma vez: “Se você pega um cachorro faminto e o torna próspero, ele não morderá você. Esta é a principal diferença entre um cachorro e um homem”.
Que a dor desse "até breve" não demore a passar e seja prontamente substituida pela lembrança de todos os bons momentos vividos.
Prima! Meus mais sinceros sentimentos pela sua perda. A Scully era a coisinha mais gostosa do mundo e sei que todos sentirão falta dela. Parabéna a você por tê-la resgatado e sei que ela retribuiu a todos vocês da melhor forma possível.
Beijão e tudo de bom!
Estou muito emocionada para escrever, mas apenas digo, que estou muito triste em perder uma grande amiga... Meu anjinho, vou sentir muito sua falta. Mas sei que esta num plano muito melhor, junto com a Tendarinha. Tenho muita sorte em ter conhecido esta família, são pessoas muito especiais para mim! Linda homenagem Cintia, e eu que tenho que agradecer pelo carinho!!!
Dra Juliana, nós estamos gratos em ter vc em nossas vidas.
Vc é excelente no que faz e mais do que excelente como pessoa. Obrigada pelo lindo comentário.
Postar um comentário