terça-feira, 8 de novembro de 2011

Arrisque-se - parte II

Por que permanecer preso entre as paredes frias do raciocínio lógico vigente, com suas bases sócio–políticas–ideológicas? Cumprimos um papel social idealizado por homens e mulheres que apenas visam (ou visaram) o poder, o lucro e o seu próprio sucesso pessoal. Papel esse que resume nossas vidas em trabalho, pagamento de impostos e CONSUMO.


Temos a opção de abrir nossa mente ao novo, ao insólito, ao improvável. Optar por conhecer a história oficial e a oficiosa. Diversidade de conhecimento abre um leque de opções. Pensamento livre, em uma sociedade que a todo momento nos bombardeia com padrões que devemos seguir, é um ato de rebeldia. 
Questione. Analise o que existe por trás da comida adequada, do comportamento adequado, do pensamento adequado.

Os vídeos abaixo são um desafio. Você está preparado? 

Abra sua mente... mas não ao ponto dela cair no chão.


Por Cintia B. Silva

Joseph Campbell, Terence Mckenna, Thich Nhat Hahn, Osho, e Você.




Evolução Psicodélica - Terence Mckenna 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nosso Maior Desejo - Parte II - Evolução



Neuróticos, alegrem-se! O futuro é nosso.

Dentre os muitos instintos, conhecidos ou não, há um instinto para a evolução da espécie. O seu “habitat” é o inconsciente, e como desejo do inconsciente sabemos que sua realização é irresistível.

Para o Dr.C.G.Jung o objetivo final do inconsciente é a realização do si-mesmo. Esse desejo de realização está presente ha história humana desde os primórdios. Ela está representada na jornada do herói, o supra-homem da mitologia, das religiões e das artes. Com a vitória do herói, acontece a transformação de um humano comum em um ser que adquiri capacidades mentais-físicas-espirituais acima de qualquer humano.

Na minha opinião, o instinto de realização do si-mesmo é o instinto que propõe que um espécime mais evoluído surja. Nos últimos 100 anos evoluímos mais tecnologicamente do em toda nossa história anterior. Não seria a evolução tecnológica uma forma, não total mas parcial, de realização do desejo-instinto de evolução? (vide postagem – Nosso maior desejo – parte I).

Estaríamos preparando o surgimento de uma nova espécie em um futuro distante? Um ser com capacidade mental maior, onde a percepção de si e do meio fosse mais aguçada. No reino dos animais que vivem em bando, o líder alfa ou em alguns casos, o casal alfa apresentam não apenas força física, mas também maior acuidade mental, montando estratégias para caça e para manter o bando unido. Seria a energia psíquica dos líderes, mais forte?
Com o surgimento da civilização, a disputa pelo poder começou a ser realizada por um grupo minoritário, alguns hoje chamam de “elite”. A esmagadora maioria foi obrigada à servidão, acreditando que os mais capazes para a disputa da liderança nasceriam dessa “elite”. Porém, sabemos pela história que ter pai rei não garante competência para governar.

Devemos também considerar o surgimento da medicina. Começamos a interferir fortemente na seleção natural. Hoje os menos aptos à sobrevivência natural estão bem vivos, incluindo esta que escreve. Quem nasceu de uma cesariana ou fórceps, tomou antibióticos em algum momento da vida, teria tido uma chance considerável de ter sucumbido em um modo de vida selvagem.
Levando em conta, o surgimento da civilização e da medicina podemos supor que muitos indivíduos, com aptidões de alfa nunca chegaram a disputar a colocação superior, à qual foram destinados geneticamente. Foram doutrinados a vestir uma máscara que satisfizesse sua comunidade. Uma máscara que os tornasse similar aos demais, pois os diferentes geram desconforto e risco à comunidade. O instinto de adaptação ao meio nos leva a criar máscaras para que a estabilidade social seja mantida.
Pergunto: Onde esses mascarados empregaram a farta energia psíquica, da qual foram dotados? A resposta: Em uma neurose.
Podemos observar o crescimento das neuroses em nossos animais domésticos,  por exemplo, os cães. Seria apenas por estarem confinados a pequenos espaços? Acredito que não. Podemos observar que os mais facilmente adaptados tem um comportamento não tão atento e inteligente quanto os cães neuróticos. Talvez os líderes de bando nasçam com uma energia psíquica maior, que quando não empregada para o que ela foi programada, transforma-se em uma neurose como: lamber as patas, latir sem parar, agressividade, etc.
Voltemos aos humanos. Com a grande diminuição da mortalidade natural no nascimento e juventude e com a grande dificuldade de mobilidade social, muitos líderes, não empregam sua energia psíquica de maneira adequada. Reprimindo-a e enviando-a novamente ao inconsciente. Essa energia reprimida, pulsionará sua saída para o consciente. A saída não poderá ser feita no mesmo estado em que foi reprimida, portanto ela será “travestida” em uma forma diferente para voltar ao consciente, pois apenas assim conseguirá “driblar” as barreiras da repressão. A energia “travestida” poderá apresentar-se como uma obsessão, tic nervoso, ansiedade ou qualquer outra forma de neurose. E como a consciência não reconhece a sua forma primeira, mas apenas a sua fantasia, a energia não poderá ser direcionada para a tentativa de realização do desejo. Sendo assim, a neurose permanecerá por muito tempo, podendo permanecer até o final da vida do indivíduo ou transformar-se em outra neurose. Depois da neurose instalada apenas o processo investigativo da terapia poderá reverter o processo, direcionando essa energia para uma função adequada.
Um dia, o homem evoluirá para além do homem. Quando?  Impossível determinar. Quanto tempo levou para chegarmos ao homem moderno, o Homo sapiens sapiens, uma subespécie do Homem sapiens (homem sábio)? A teoria mais aceita acredita que o homem moderno evoluiu do Homo sapiens arcaico, há cerca de 120.000 anos. Quem sabe, possa ser mais rápido, pois nos últimos 100 anos evoluímos mais do que em toda nossa história anterior. Talvez a evolução cresça exponencialmente. O que seremos então? Homo 3 vezes sapiens?  Como Hermes Trismegisto, o 3 vezes grande, outro supra-homem da mitologia.
O desejo existe e o inconsciente continuará a nos direcionar, queiramos ou não.
Deixo, para sua reflexão, dois trechos de livros importantes:
“Há camadas inteiras da população que apesar de sua notória inconsciência não são atingidos pela neurose. Os que sofrem tal destino, a minoria, representam na realidade um tipo humano “superior”, que por um motivo qualquer permaneceu muito tempo num estádio primitivo. Com o correr do tempo, sua natureza não resistiu a essa apatia antinatural. A estreiteza de sua esfera consciente e a limitação de sua vida e existência lhe pouparam a energia; pouco a pouco esta se acumulou no inconsciente, explodindo afinal sob a forma de uma neurose mais ou menos aguda."
O eu e o inconsciente – 7/2 dois escritos sobre Psicologia Analítica – obra completa – Carl Gustav Jung – pág. 74


"... é um fato existirem homens decididos a não se contentarem com a realidade. Aspiram o curso diverso para as coisas; negam-se a repetir os gestos que o costume, a tradição, e, em resumo, os instintos biológicos querem impor-lhes. A homens assim chamados heróis. Porque ser herói consiste em alguém ser si mesmo. Se resistimos a que a herança, a que o circunstante nos imponham ações determinadas, é porque almejamos assentar em nós mesmos, e só em nós, a origem dos nossos atos. Quando o herói quer algo não são os antepassados nele ou os usos presentes que querem, mas ele mesmo. Este querer em si mesmo é o heroísmo."
Meditações do Quixote - Ortega y Gasset  - pág. 156

Por Cintia B. Silva

Post relacionado: Nosso maior desejo - Parte I

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pinturas antigas e a presença de Ovnis

Diversas pinturas antigas apresentam figuras que nos fazem lembrar de objetos
voadores não identificados, talvez de origem extra-terrestre.

Apresento algumas dessas obras. Por alguns minutos desprenda-se do normal, do
óbvio, do pensamento lógico vigente. Arrisque-se.


       Anunciação a Maria com Santo Emídio - Carlo Crivelli - 1486
                 
Note o raio de luz que surge de um objeto no céu. O raio penetra o cômodo,
transforma-se ou transpassa uma pomba branca, símbolo do Espírito Santo e
atinge a cabeça de Maria.


O objeto seria uma formação de nuvens ou o artista representou algo descrito pelos
antigos? A resposta pode ser ... ambos. Continue lendo.


                               Exaltação da Eucaristia  - Ventura Salimbeni - 1600

Neste afresco de 1600, localizado na Igreja de São Lorenzo, em São Pedro - Montalcino
- Itália, um objeto curioso está localizado entre a Santíssima Trindade. Ele parece estar
deslocado no tempo, comparado aos outros elementos da obra.


Sua aparência lembra um satélite. Os especialistas dizem ser uma referência à esfera
celestial (um referencial imaginário fixo na Terra, utilizado para estudar o movimento dos astros).
Tudo bem... mas e as "antenas" e a saliência na parte inferior? Sobre as "antenas" não
encontrei nada. A saliência seria a Lua com o Sol acima, em amarelo.
Eu pergunto, por que a Lua parece projetada da esfera e o Sol não? Talvez seja a
representação de suas fases? Talvez... mas ainda estou pensando nas "antenas".


                     Madona e o Menino - atribuída a Sebastiano Mainardi - séc. XV
Museu Palazzo Vecchio - Florença - Itália
Observe a estranha figura acima do ombro da Madona. Observe também o homem
cobrindo os olhos e o cão, ambos olham para o objeto.
Para gente comum um ovni é visto. Para especialistas o objeto é uma nuvem de raios ou
nuvem de luz. A descrição desse tipo de nuvem está presente no evangelho apócrifo de
Tiago, na Natividade, em lugar do anjo, presente no evangelho de Lucas.
Uma pergunta que poderia ser feita. Como os antigos descreveriam um objeto voador
não identificado? Uma nuvem de raios ou luz. Seria uma resposta possível?


Coincidência ou convergência?

Qual nome os antigos dariam a um objeto voador de alta tecnologia? 
Uma nuvem de raios, nuvem de luz, vimana, shem, prato voador?
Quantos símbolos da realidade dos antigos apresentam-se hoje com outra roupagem?
Ou a roupagem não muda?
O simbolismo da nuvem foi utilizado, pois as nuvens sempre trazem algo? Trazem
sombra, chuva ou raios. E poderia trazer algo divino?


O importante não é a minha opinião ou a opinião deles. A real importância está em
como você percebe o mundo. A sua opinião é o que realmente importa.
Não canso de repetir: Abra sua mente, mas não ao ponto dela cair no chão.
A escolha é sempre sua.

A propósito, observe uma nuvem de luz. Esta é super atual, real e ainda um mistério.


Por Cintia B. Silva


Moscou - 07/10/2009





quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um retrato psicológico da nossa sociedade


“É um fato digno de nota que a moralidade da sociedade, como um todo, está na razão inversa do seu tamanho; quanto maior for o agregado de indivíduos, tanto maior será a adição de fatores coletivos e a extinção dos fatores individuais. E a moralidade, que está baseada no sentido moral e no mérito do indivíduo também se debilita. Portanto, qualquer indivíduo é pior em sociedade do que quando atua por si só. Um grupo numeroso, ainda que composto de indivíduos decentes, equivale no tocante à moralidade e inteligência a um animal violento, estúpido e primitivo, e não a uma reunião de homens. Quanto maior for a organização, mais duvidosa será sua moralidade e mais cega sua estupidez. A sociedade, acentuando automaticamente as qualidades coletivas de seus indivíduos representativos, premia a mediocridade e tudo o que se dispõe a vegetar num caminho fácil e imoral. As personalidades individualizadas e diferenciadas são arrancadas pela raiz. Tal processo se inicia na escola, continua na universidade e predomina em todos os setores dirigidos pelo Estado.

Quando o corpo social é mais restrito, a individualidade de seus membros é mais protegida: sua liberdade será maior e, portanto, maior será a sua moralidade. Sem liberdade não pode haver moralidade. A admiração que sentimos pelas grandes organizações vacilará se nos inteirarmos do “outro lado” de tais maravilhas: o tremendo acúmulo e intensificação de tudo que é primitivo no homem, além da inconfessável destruição de sua individualidade, em proveito do monstro disfarçado que é toda grande organização... Na medida que o indivíduo for “adaptado” normalmente ao seu ambiente, nem mesmo a maior infâmia de seu grupo o perturbará, contando  que a maioria dos companheiros esteja convencida da alta moralidade de sua organização social. Há também o caso dos neuróticos, que reagem, não porque a sociedade tenha se tornado monstruosa – isto geralmente os deixa indiferentes - , mas porque não suportam o mesmo conflito dentro de si mesmos. Por isso para chegar a uma solução de seu conflito, o neurótico deve, antes de tudo, reduzir suas opiniões coletivas.

... como a individuação é uma exigência psicológica imprescindível, a força superior do coletivo nos indica a atenção especialíssima que devemos prestar à delicada planta da “individualidade”, se quisermos evitar que seja totalmente sufocada pelo coletivo.

O homem possui uma faculdade muito valiosa para os propósitos coletivos, mas extremamente nociva para a individualização: sua tendência à imitação. A psicologia coletiva não pode prescindir da imitação, pois sem ela seriam simplesmente impossíveis as organizações de massa, o Estado e a ordem social. A base da ordem social não é a lei, mas a imitação, este último conceito abarcando também a sugestionabilidade, a sugestão  e o contágio mental.

Podemos constatar diariamente como se usa e abusa do mecanismo da imitação, com o intuito de chegar-se a uma diferenciação pessoal: macaqueia-se alguma personalidade eminente, alguma característica ou atividade marcante, obtendo-se assim uma diferenciação externa, relativamente ao ambiente circundante...

Para descobrirmos o que é autenticamente individual em nós mesmos, torna-se necessária uma profunda reflexão; a primeira coisa a ser constatada é quão difícil se mostra a descoberta da própria individualidade.”

7/2 Dois escritos sobre Psicologia Analítica
O eu e o inconsciente
Dr .Carl Gustav Jung

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Futuro previsto por Aldous Huxley pode ser o nosso Presente

Em entrevista, realizada em 1958, o brilhante ensaísta Aldous Huxley, autor de Admirável mundo novo e A ilha, apresenta sua visão do futuro. Fala sobre o lado obscuro da tecnologia, propaganda, grandes corporações, drogas e controle do Estado.

O interessante é que, 53 anos depois, muitas de suas projeções tornaram-se realidade.

É importante analisar se ainda há tempo de dizer não ao Admirável Mundo Novo... atualizando... dizer não à Nova Ordem Mundial.

Por Cintia B. Silva









terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nosso Maior Desejo - Parte I



Existe um desejo no espírito humano. Um chamado à evolução da espécie. Esse desejo está expresso nas mitologias, nas religiões, na literatura, na arte, na cultura popular e na imagem que o homem faz de si mesmo. Ainda que essa auto-imagem seja falsa. Falsa não! É uma vitória que ainda não foi conquistada.

A saga do herói (vide a teoria do Monomito de Joseph Campbell. - vale a pena), está presente na história humana desde a primeira civilização, a Suméria - 4.000 ac, com a Epopéia de Gilgamesh - a obra mais antiga já catalogada. Com certeza essa saga derivou de narrativas muito mais antigas de povos primitivos, mostrando que a semente para a evolução foi plantada nos primórdios. Talvez a semente tenha surgido quando nos tornamos animais diferenciados. Ou nos tornamos diferenciados porque a semente já estava germinando?

A jornada do herói fala das etapas a serem vencidas para que o homem se torne um ser completo. União corpo-mente-espírito. Um supra-homem que possua poderes, entendimento e sabedoria que vão muito além do humano. Alguns vitoriosos na mitologia são Hércules e Rei Arthur. Nas religiões:  Buda, Cristo, Maomé, Padmasambhava. Na cultura popular ou mitologia contemporânea: Jake Sully (Avatar), Neo (Matrix) ou Luke Skywalker (Star Wars). Uma longa lista segue em todas as áreas que incluam o homem como tema central.

Um exemplo banal e causador de muita angustia, a busca pelo corpo perfeito. A estética física apresentada na mídia ou em expressões populares de arte, nos remetem a homens e mulheres com corpos não possíveis. Alguns dos nossos melhores exemplares, mesmo já estando acima da média, passam por maquiagem, o melhor ângulo, a luz ideal e no final pelo Photoshop. Na minha opinião, essa  busca pela estética ideal representa um desejo de ir além do possível no homem. 

Gostaria de salientar, que a realização do supra-homem exclusivamente no âmbito material é a característica principal da sociedade contemporânea. Esse extremo da realização do desejo é prejudicial. Como seria prejudicial a conquista do além-homem apenas através do imaterial. Para a evolução completa do ser é necessário haver o delicado balanço entre as polaridades.

Hoje, voamos nos céus, submergimos nos oceanos, criamos olhos mecânicos para sondar o espaço. Fazemos coisas irreais no passado e corriqueiras no presente. Fazemos através de máquinas. Máquinas que são extensões de nossos corpos. E faremos mais, através de sentidos e capacidades da nossa mente. Capacidades celebradas nos mitos e religiões, impossíveis no presente e possibilidade no futuro, pois o desejo existe.

Mas existe um grande empecilho para o final da jornada, ... a nossa auto-imagem. Caminhamos como se já não fossemos animais. Fornecemos desculpas racionais para motivações puramente instintivas.

Os instintos habitam um oceano, repleto de mistérios, que deveria ser navegado. Falo do inconsciente, que também pode ser representado por uma floresta profunda e desconhecida. O submundo do herói antigo. O espaço sideral do herói atual. Uma terra onde tudo pode acontecer. Essa terra é mental e não física.

Como a maioria de nós desconhece ou nega a existência do inconsciente (se nega é porque tem medo), essa terra desconhecida deixa de apresentar suas fadas, suas maravilhas. Talvez, a primeira vista, uma fada possa apresentar-se como o mais terrível monstro ou demônio, mas sob um segundo olhar...

Um mito salutar, Os doze trabalhos de Hércules. O primeiro trabalho é matar o leão de Neméia. Se fosse fracassado a jornada estaria perdida. Estando a tarefa cumprida o herói deverá usar a resistente pele do animal como uma armadura impenetrável e continuar a jornada.

Podemos incorporar os instintos ao consciente para decidir se devemos segui-los ou não, ao invés de sermos levados ou destruídos por eles. Domar o lado animal, integrando sua natureza à consciência, é o inicio. Se continuarmos a ignorá-lo, temê-lo, demonizá-lo, enfim mantê-lo afastado, estaremos deixando que ele domine. Ele age no silêncio e é nele que a força reside.

Por Cintia B. Silva

sábado, 13 de agosto de 2011

Velha Fórmula, Nova Embalagem - mitologia moderna

Um caso famoso de busca e reconhecimento da mitologia pela juventude (mitologia sadia ou para alguns, alienante), aconteceu na década de 70 através do filme “Stars Wars”. O diretor George Lucas era grande amigo do famoso mitólogo Joseph Campbell. Depois de estudar detalhadamente as teorias de Campbell e inúmeras conversas entre ambos, Lucas criou sua própria saga do herói. Herói que usamos como guia no nosso próprio caminho, pois segundo Campbell, existe um herói em cada um de nós.
Para a construção da saga, o diretor usou os símbolos presentes nas narrativas mitológicas que surgem em todo o globo e através dos tempos. Resultado final, desde sua estréia o filme é cultuado, entrando de maneira definitiva para a cultura popular.


Um caso recente e muito semelhante foi o filme Avatar. Repleto de simbolismo mitológico, fator que, em minha opinião, foi determinante para o grande sucesso, principalmente com o público jovem e também com o público adulto, que ainda não matou o herói dentro de si.
É claro que a tecnologia empregada foi incrível, mas o diálogo entre o simbolismo e nosso inconsciente foi a característica principal. Ao meu ver, a tecnologia 3D atrapalha o melhor entendimento da estória, pois ficamos focando nossa atenção nos objetos que saltam deliciosamente da tela. Crianças estendem as mãos na tentativa de captura. Confesso que também tentei.

A simbologia:
. Começa pelo titulo, Avatar - sânscrito Aval, “Aquele que descende de Deus”;

. Planeta Pandora - Na mitologia grega, “a que tudo dá” ou  “a que tudo possui”. Foi a primeira mulher criada por Zeus. Lugar desconhecido, para nós e para o herói. Na mitologia antiga o palco seria uma floresta, o submundo. Em locais desconhecidos e misteriosos todo tipo de magia e aventura podem acontecer. Nos dias de hoje, poucos são os lugares em nosso planeta que forneceriam tal palco. Mas ainda temos o cosmos, onde tudo é permitido.

. Herói - formação humilde e básica, com limitação física.  Nada de muito importante era esperado do rapaz, no conceito material da sociedade. E foi nessa sociedade que ele perdeu a mobilidade. Ele ficou incapaz de caminhar nas próprias pernas.

. Feminino - foi tratado com grande carinho e sutileza. Nome do planeta,“a que tudo dá”, “a que tudo possui”, a primeira mulher criada por Zeus. Não foi o chefe da tribo que aceitou o herói e sim a chefe espiritual da tribo. Quem introduziu o rapaz nos primeiros passos da cultura na’vi foi a fêmea alienígena,  como uma mãe que ensina os primeiros passos ao filho.
Uma fêmea humana cuidava do seu corpo humano, mesmo estando desconectado do avatar. Ela o alimentava, mostrava preocupação com sua higiene e ensinava o melhor comportamento perante os alienígenas. Mais uma vez a alusão à mãe. A cena em que mostra o mais temido predador em troca de carinhos e brincadeiras com seus filhotes. A militar que auxilia e deserta em nome do que é certo fazer. E é claro, a natureza como a grande mãe, a que gera, mantém a vida e acolhe a alma quando a vida transitória termina.

. Árvore mitológica - uma árvore poderosa, tanto em aparência como em força sobrenatural. Símbolo do eixo do mundo. Em suas raízes reside todo conhecimento e sabedoria existentes. Tão grande o seu poder que desejos podem ser solicitados e realizados.  Seus frutos ou sementes espalham poder e/ou conhecimento. Podemos estar descrevendo a Árvore da Almas do filme, ou então a Árvore Sagrada Yggdrasil da mitologia nórdica ou ainda, muitas outras presentes nos mitos da humanidade.
A Árvore da Vida bíblica, que também é exemplo,  encontra paralelos nas civilizações suméria, assíria, egípcia, persa (como a haoma) e chinesa. Encontrada também no Budismo – a árvore da iluminação e no Candomblé – a árvore-mundo.

. Domar ou submeter uma fera - No vôo onde o herói submete a fera e cria uma conexão, onde a fera sente o cavaleiro e o cavaleiro sente a fera - unicidade. Nessa cena esta implícito a necessidade do herói em domar seu lado animal, sublimando uma energia muito poderosa, energia essa que será utilizada para alcançar o objetivo final.
Fazer com que o “cavalo” siga as ordens do cavaleiro, como a metáfora descrita por Freud, onde o ego é um cavaleiro e o cavalo selvagem representa o id. Ou o primeiro trabalho de Hércules, não apenas matar o leão de Neméia mas usar a pele resistente do animal como armadura. Usar nossa força animal/instintiva para enfrentar os obstáculos e atingir a vitória. A vitória final de tornar-se supra-homem.

. A magia - quando tudo parece perdido, um milagre, uma mágica acontece. Os animais, antes um perigo mortal, transformam-se em aliados. Novamente o animal, o inconsciente, o instinto, o desconhecido vem em socorro.

. Aceitar o diferente - Quando a heroína pega nos braços o humano – pequeno, fraco, sem conseguir respirar, sem conseguir ficar em pé – ela não mostra surpresa nem repulsa ao ver pela primeira vez o seu amor na forma real. Uma forma que estando saudável já poderia causar desprezo à uma espécie de 3 metros de altura que prima por sua força e agilidade física. A mensagem que fica é: Não importa de onde você vem. Não importa qual a sua aparência. O que realmente importa é o que você é por dentro. O que importa é a verdade do seu espírito.
Uma mensagem importante para  jovens de uma sociedade que é bombardeada pela cultura da aparência: roupas legais, corpo de uma determinada maneira, muito dinheiro, estilo pegador e no espírito... o que é espírito mesmo?

 .No final, morte e ressurreição - morrer como homem e nascer como supra-homem – acima do homem, além do homem.

“Os mitos não devem ser julgados como falsos ou verdadeiros, mas como eficazes e ineficazes, salutares ou patogênicos.” (Joseph Campbell)

O inconsciente é menos alimentado nos dias atuais. Gostem ou não, é ele quem norteia muitas das nossas decisões. Damos desculpas racionais para atitudes que encontram sua real motivação nos instintos, nos estados psicológicos mal trabalhados ou ignorados.

Infeliz daquele que acredita que a verdade do ser está aprisionada entre as paredes frias do raciocínio lógico - científico vigente e / ou das teorias sócio - políticas - ideológicas. Pois a verdade é um elefante branco tocado por 3 homens cegos...
... o primeiro toca a fina cauda e diz que é uma corda..
... o segundo toca a grossa perna e diz que é um tronco...
… o terceiro toca a tromba e diz que é uma cobra.




Por Cintia B. Silva

Posts relacionados: Manipulando a verdade, Crescendo com os mitos.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Proibiram o "pipi" do Michelangelo

 “Itália multa souvernires de mau gosto de Torre de Pisa ou David de Michelangelo”– “... As multas serão aplicadas aos vendedores ambulantes que oferecem mercadorias que ofendem as regras de urbanidade. Entre as recordações acusadas como ofensivas, figura um avental com a imagem do órgão sexual avantajado de David e uma série de roupas intimas adornadas com pinturas e afrescos eróticos de Pompéia.” – Veja 03/08/11

Parece engraçado ou ainda comilança de dinheiro. Uma forma da prefeitura de Pisa, na Toscana, ganhar um troco em cima dos ambulantes. Engraçado? Esse tipo de ato esconde uma modalidade muito usada pelos governos para encobrir sua incompetência.

O Estado deve fornecer educação, saúde, segurança e infra-estrutura. Fornecer tudo isso e com qualidade é muito trabalhoso. Muito dinheiro deve ser investido e a corrupção deve ser combatida. Isso gasta muita energia e o retorno não traz celebridade. E também tem a  mídia, que não gosta de noticiar  inauguração de hospitais, mais policiais nas ruas e transporte de qualidade. Ela quer respostas rápidas e emocionais do público. Nada melhor que um bom caso envolvendo a dor do mais fraco causada por um monstruoso cidadão. Se tiver sangue e membro amputado, melhor ainda.


Para o Estado nada melhor que levantar uma bandeira de ativismo, de um assunto qualquer, que tenha custo baixo. Vista nessa bandeira uma fantasia de “algo muito importante para a sobrevivência humana na face da Terra” e você terá uma manchete ao gosto da mídia iluminada e... pimba! O Estado preocupa-se com o cidadão.

Esse tipo de medida governamental pode ter um lado sinistro. Talvez algumas autoridades acreditem que o Estado deva legislar em todos os sentidos da vida do contribuinte. Somos estúpidos e incapazes de gerir nossas vidas é o que algumas medidas governamentais sugerem. Vamos criar leis para o vocabulário utilizado, para a criação dos nossos filhos, para nossos hábitos alimentares, enfim para tudo.

O Estado sabe o que é melhor para o cidadão. O vocabulário do politicamente correto, não noticiar alguns fatos ou ainda, alterar alguns detalhes dos fatos. Vamos dar ao povo realidade pasteurizada. Pão, circo e exigir trabalho, consumo controlado, pagamento de impostos e dar a ilusão de tudo estar sob controle. Você pensou em 1984 de George Orwell?

O Estado é importante. Importante também é que use os recursos arrecadados para áreas que são de sua real responsabilidade. Ao cidadão cumpridor de seus deveres, o direito de liberdade de expressão e o direito de liberdade de decisão devem ser respeitados. Temos direito a educação, saúde, segurança e infra-estrutura. Tudo isso com qualidade e gratuito. Gratuito não, pois pagamos impostos. E quem tem um pouco mais de recursos, paga duas vezes. Pagamos nos impostos e pagamos ensino particular, convênio médico e quando possível segurança particular. Ou estou errada e, em uma sociedade inclusiva com ações participativas num ambiente multiculturalista, o importante é... proibir o “pipi” do Michelangelo?

Por Cintia B. Silva

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sinto sua falta

No caminho para o trabalho, muito tempo atrás, algo chamou minha atenção. Algo muito pequeno tomava água que corria pela sarjeta. Fiquei muito sensibilizada, pois varias feridas dividiam lugar com as manchas marrons na pelagem branca. Parei o carro e corajosamente tomei uma decisão. Liguei para meu marido, que estava em férias, pedindo que fosse resgatar o filhotinho de no máximo 3 meses. Na verdade o corajoso foi ele.

Voltando para casa descobri que os machucados foram provocados por uma sarna muito contagiosa. Descobri também que era uma fêmea. Demos a ela o nome de Scully, pois eu adorava a série “Arquivos X”. Ela viveu 1 mês dentro de uma gaiola para pássaros, no quartinho dos fundos. Tudo isso, para não contaminar os outros animais. Seguimos todas as recomendações da veterinária, que não cobrou sua mão-de-obra por se tratar de um resgate. Os jornais eram trocados 2 vezes ao dia, 3 vezes ao dia aplicávamos remédios e visitávamos o vet a cada 2 dias, para banhos e injeções. Mas eu devo admitir, eu transgredi... coloquei um ursinho de pelúcia para que a filhotinha tivesse algum tipo de aconchego. Quando eu abria a porta do quartinho, antes dela vir correndo para mim, presenciava os dois bem juntinhos.

Foram 15 anos de companhia e proteção ao nosso bando. Scully nos protegeu de perigos reais,  e de perigos que ela considerava reais. Matou 2 cobras-corais, alguns ratos do império do mal e outros audazes gambás (confesso que desses eu tinha pena). Pena também senti do periquito premiado da nossa vizinha. Desse sobrou apenas o bico. Devo mencionar seus latidos e rosnados diferenciados informando-nos que alguém estava próximo ao muro. Latidos muito diferentes daqueles dados para os macaquinhos que atravessavam o mesmo muro.

Foto: Salatino
Então, o inevitável veio. A grande viagem não pode ser adiada. Foi dormir e não mais acordou. Morte justa e honrada. Assim deveria ser a morte de todos os corajosos animais que nos dão tanto amor e lealdade, sem nunca pedir nada em troca. Animais que nos amam independente da nossa riqueza, beleza ou qualquer outra característica. Eles nos amam por nós mesmos.

Scully, obrigada pelo amor e companhia. Desculpe-me por algum erro... SINTO SUA FALTA... Descanse em paz... ops, já ia esquecendo... dá uma lambidona na Tendara por mim e um abração na tartaruga Gervásio, e nem pense em comê-lo novamente.

Por Cintia B. Silva

Ps. Meus agradecimentos ao Centro Cinófilo Salatino, pela competência e carinho dispensado à minha família animal. Agradeço também a Dr. Juliana, que com sua medicina proporciona conforto e dignidade aos animais na terceira idade.



Teve ou não, uma boa vida no final? - Foto: Salatino

domingo, 17 de julho de 2011



Sexo: O portão secreto para o Éden. Instigante. Afinal não foi por causa do sexo que fomos expulsos do  paraíso? Talvez ele não seja apenas a porta de saída, mas também a de entrada. Nesse documentário delicado, com trilha sonora agradável, é apresentado o segredo do Grande Arcano. Arrisque-se e chegue às suas próprias conclusões.


Por Cintia B. Silva



Documentário em 7 partes.

Crescendo com os mitos


Em sociedades tribais, antigas ou modernas, a criança é submetida aos mitos da tribo, semelhantes aos contos infantis. Durante toda sua vida ela participará de “sessões mitológicas” onde serão narradas aventuras e sagas que tocam fundo na alma, emoções profundas emergem, sensação de completude e razão da existência são experimentadas. Nesses contos são transmitidas verdades psicológicas através de narrativa fantástica.

Os mitos não são suficientes para integrar completamente o indivíduo ao grupo e mostrar sua nova posição dentro do mesmo. Para um efeito mais dramático são necessários  ritos – mitos transmitidos através da ação.
Um dos ritos de passagem mais importante acontece da infância para adolescência. No caso do menino, ele será submetido a um ritual que geralmente inclui maus tratos físicos significativos.  Nele o jovem será posicionado como servo da sociedade. A menina geralmente não passará por um mito encenado, pois seu corpo já realiza um rito de passagem com a chegada da menarca (1a. menstruação), posicionando-a  como serva da natureza.

Através dessas técnicas o psicológico, o espírito, vão sendo alimentados sistematicamente. É interessante lembrar que, em cada rito de passagem os familiares e amigos do ator principal estarão presentes, reafirmando, em seu íntimo, a função e o lugar de cada um dentro do grupo.

O surpreendente é: os mitos e ritos se repetem ao longo do tempo, em locais geográficos diversos e em sociedades totalmente distintas, onde a transmissão dos mesmos entre os diferentes povos seria improvável . Os símbolos apresentados são similares, não iguais. Similares no sentido mais profundo, mostrando assim, que os mitos não são inventados, eles surgem e são reconhecidos para serem utilizados como catalisadores do bem estar espiritual.

Em nossa mega sociedade, a criança na passagem para adolescência não recebe apoio para canalizar seus instintos e emoções emergentes. Quando as necessidades de completude, de pertencer a algum lugar, de ter uma função definida dentro do grupo são negadas, o jovem  irá em busca de uma  mitologia. Essa busca é uma tentativa de dar vazão às energias poderosas do imaterial.

Eleger um herói é lugar comum, porém altamente necessário nesse período.
O lugar será ocupado por uma estrela ou grupo de música, uma personagem de quadrinhos ou filme.
O grupo de apoio, que deveria ser formado pelos membros mais experientes da comunidade, será substituído por membros igualmente imaturos, unidos pela busca.

Em casos extremos, mas não incomuns, o jovem elegerá uma gangue como grupo, onde a mitologia será de violência, intolerância e desrespeito ao ideais humanos mais elevados. Seria uma vingança? Talvez. Ao jovem foi negado segurança psicológica e a definição de um lugar.

Cria-se uma tentativa de sociedade alternativa, pois a atual é incompetente para suprir as necessidades do indivíduo, que agora está  recebendo o chamamento interno para ter uma atitude ativa perante os seus iguais.


Por Cintia B. Silva

post relacionado: Manipulando a verdade 

sábado, 16 de julho de 2011

Pense sobre isso

Arrisque-se

Por que permanecer preso entre as paredes frias do raciocínio lógico vigente, com suas bases sócio–políticas–ideológicas? Cumprimos um papel social idealizado por homens e mulheres que apenas visam (ou visaram) o poder, o lucro e o seu próprio sucesso pessoal. Papel esse que resume nossas vidas em trabalho, pagamento de impostos e CONSUMO.

Temos a opção de abrir nossa mente ao novo, ao insólito, ao improvável. Optar por conhecer a história oficial e a oficiosa. Diversidade de conhecimento abre um leque de opções. Pensamento livre, em uma sociedade que a todo momento nos bombardeia com padrões que devemos seguir, é um ato de rebeldia. Questione. Analise o que existe por trás da comida adequada, do comportamento adequado, do pensamento adequado.

No post abaixo tem um vídeo de um programa muito interessante do History Channel. Arrisque-se.

Abra sua mente... mas não ao ponto dela cair no chão.

Por Cintia B. Silva

Alienígenas do Passado



http://www.seuhistory.com/home.html

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Reivindique sua mente

“Catalisadores para dizer o que nunca foi dito, para ver o que nunca foi visto, para desenhar, pintar, cantar, esculpir, dançar e agir de modo nunca feito, para impulsionar a criatividade e linguagem.

O que realmente importa é, ...eu a chamo de... a presença sentida da experiência pessoal. O que é um jeito afrescalhado de dizer que simplesmente precisamos parar de consumir nossa cultura. Nós temos que produzir cultura. Não assista TV. Não leia revistas. Nem mesmo escute rádio. Crie seu próprio “RoadShow”. O nexo espaço-tempo do lugar onde você está agora é a parte mais imediata de seu universo. E se você está preocupado com Michael Jackson, Bill Clinton ou alguma outra pessoa, então você está sem poder algum. Está cedendo esse poder aos ícones que são mantidos pela mídia para que você queira vestir-se como X ou ter lábios como Y ou coisa assim.

Esse tipo de pensamento é “shit-brained” – nada mais é que cultura de distração .

O que é real é você e seus amigos, suas associações, suas viagens, seus orgasmos, suas esperanças, seus sonhos e seus medos.

Mas nos dizem: Não. Não somos importantes, somos secundários. Consiga um diploma, consiga um emprego. Compre isso e aquilo. Então você se torna um jogador e nem mesmo quer jogar esse jogo. Você quer reivindicar sua mente e tirá-la das garras do engenheiros culturais, que  querem transformá-lo num retardado-meio-cozido, consumindo todo esse lixo, que vem sendo extraído da carcaça de um mundo que morre pouco a pouco. Que sentido isso faz?”
Terence Mckenna (1946-2000)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Manipulando a verdade



Para a sociedade contemporânea, nas vozes de alguns de seus intelectuais, os mitos são de pouca importância, pois não transmitem a realidade dos fatos. Na sua pior versão, eles seriam utilizados para manipular a massa inculta. Será?

. Primeiros heróis da liberdade e democracia grega - 500 a.c.
mítica - Harmódio e Aristogiton mataram o tirano Hiparco em 514 a.c., abrindo assim as portas para a democracia grega. Foram erigidas belas estátuas em homenagem aos tiranicidas.


Visto pelo ângulo da mítica ou observando as estátuas, os dois heróis deveriam possuir motivações políticas e sociais, visando com o assassinato do governante, obter liberdade e maior justiça ao povo de Atenas. Porém, se todos os detalhes forem conhecidos veremos a real motivação do crime.

Harmódio e Aristogíton eram amantes. Harmódio adolescente e Aristogíton provavelmente 30 anos. Harmódio recebeu propostas sexuais do tirano Hiparco. Propostas essas que o jovem rejeitou. Para vingar-se o tirano humilhou publicamente a irmã de Harmódio. O ato gerou a fúria dos amantes que culminou no assassinato do tirano e a posterior execução dos heróis atenienses.

Manipuladores ou criadores de mitos,  aproveitaram um assassinato passional - motivado puramente nas paixões humanas - para criarem heróis que teriam realizado o sacrifício por um bem maior,  motivados pela liberdade de uma sociedade.


. Revolução Francesa - 1789
Para a maioria de nós, a Revolução Francesa soa como luta pela liberdade, a vitória do cidadão oprimido contra o déspota monárquico. E  a Queda da Bastilha sela o fim do sofrimento, da opressão e injustiça.
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade” no grito máximo dos lideres revolucionários e uma de suas vozes mais famosas: Robespierre.

Continuando na linha do tempo, verificamos que após a queda da monarquia, o governo revolucionário impõe a Política do Terror onde as garantias civis são suspensas e o novo governo persegue e assassina seus adversários, sejam eles da nobreza ou não.  
Sob a liderança de Robespierre, o Grande Terror (terror apenas não era suficiente - precisava do grande) suprimiu a defesa e o interrogatório prévio dos acusados e em 6 semanas 1.376 suspeitos foram guilhotinados em Paris.

Durante o período de luta a liberdade foi tolhida, a fraternidade inexistente e a igualdade, se existiu, foi quando a guilhotina, a mando dos próprios revolucionários, desceu para Maximilien Robespierre.

Dez anos depois do começo da revolução, o seu final foi marcado pela subida ao poder de Napoleão Bonaparte, que mais tarde iria declarar-se imperador. Seu governo duraria 16 anos.

Trocaram um déspota da nobreza por um déspota revolucionário, pois Bonaparte fez parte ativa na Revolução Francesa.

Nós aprendemos a manipular verdades e criar mitos. Esses mitos não elevam nossos sentimentos e deixam o espírito subnutrido, gerando uma sociedade fraca e doente. Onde o lugar do indivíduo não esta bem localizado. Muitas vezes, nós sentimos como se não houvesse um lugar.


Por Cintia B. Silva